sábado, 12 de julho de 2008

Sexo


Por sugestão de uma grande amiga a quem confidenciava hoje ter vontade de abordar o tema da sexualidade no meu blog, sem preconceitos, nem tabus, mas com o respeito, interesse e nível que o tema merece, decidi criar uma rubrica semanal com o mesmo nome…
Assim, todas as semanas, irei lançar uma questão ou abordar um aspecto sexual que me desperte alguma curiosidade e convido-vos a darem a vossa opinião sobre o tema, partilhando experiências, desejos e quiçá conselhos que contribuam para enriquecer a vivência e abertura de espírito de todos quantos lerem esta rubrica.
Por motivos óbvios e querendo preservar a privacidade dos participantes, sugiro que cada um escolha um pseudónimo secreto com o qual possa assinar os comentários…
Obviamente, quem quiser deixar a sua assinatura pessoal, é igualmente livre de o fazer.

Assim sendo, com a timidez inicial que um primeiro post sobre este tema desperta, limito-me a deixar hoje este poema de Fátima Irene Pinto:

Desejo

Meu corpo pede teu corpo
E pede com tanta avidez
Que só de pensar-me em teus braços
Estremeço, vibro, enlouqueço de vez...

Meu corpo pede teu corpo
E no simples toque de nossas mãos
Sinto arrepios, solto faíscas
Na exata medida da minha atração...

Meu corpo pede teu corpo
Meus lábios se abrem para os beijos teus
São toques, mordidas, suaves, vorazes
Teus lábios que sugam e devoram os meus...

Meu corpo pede teu corpo
Me aninho por inteira no teu peito
Me enrosco, me encosto, me aperto, me achego
Te quero, te puxo, te sinto, te estreito...

Meu corpo pede teu corpo
São agora carícias atrevidas, sem pudor
São mãos que exploram ensandecidas
Nossos corpos que se entregam por amor...

Meu corpo pede teu corpo
Olhos nos olhos, fixos, perplexos, comovidos
Reluzem, brilham, explodem, espelham
Expressam toda a fúria dos desejos reprimidos...

Meu corpo pede teu corpo
E então estamos na mesma louca sintonia
Pulsando, vibrando, gritando de prazer
Em movimentos cósmicos, na mais completa alegria...

Estás assim dentro de mim, estou em ti
Num leito imaginário, em algum ponto do infinito
E tão grande, tão intenso nosso amor
Que o universo conspira silencioso ante nossos gritos...


Afinal, sempre tenho algo a dizer... :-)

Após ter escolhido o poema, apercebi-me que, influenciada ou não pela minha veia romântica, a minha escolha recaíu sobre um poema que associa o desejo ao amor.
Contudo, e no decorrer de muitas conversas com amigos ao longo destes anos, cheguei à conclusão que a melhor experiência sexual lembrada pelas pessoas nem sempre foi vivida com a pessoa que amam ou amaram.
Assim sendo, qual a contribuição do amor para o prazer sexual? Podemos falar em prazer sentimental e prazer físico como dois tipos de prazer independentes? E, nesse caso, porque, na hora de escolher, se sobrepõe o prazer sentimental?
Seremos afinal todos nós românticos inveterados, inclusive as almas mais cínicas, que em vez de escolher o melhor parceiro como companheiro para uma vida inteira, escolhemos quem mais amamos?
E no entanto, impensável também seria ficarmos com um mau amante, por mais fantástico que seja como ser humano...
Afinal, amiguinhos, em que é que ficamos? Sexo ou amor?
Beijos quentes

6 comentários:

Anónimo disse...

Um simples primeiro beijo é determinante para a continuação dum relacionamento amoroso. Se gostarmos da pessoa, mas não gostarmos do primeiro beijo, vemos logo resfriar o nosso entusiamo e empatia pela pessoa.
Diria que sexo E amor são a combinação ideal. O prazer que retiramos ao vermos o nosso amado sentir prazer compensa de longe qualquer performance sexual menos feliz que ele possa ter...

Liliane disse...

Amor e sexo

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...

Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema..

Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...

O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...

Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...

Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Oh!

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor!
Hum! O sexo!

(Rita Lee
Composição: Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor)

Olá Sylvie!
Quando o li o teu post lembrei-me logo desta música... E pensei, e porque não deixa-la aqui???
Acho que até responde um pouco a pergunta que fizeste...
Dou-te os parabéns pela ousadia e coragem de fazer um post semanal dedicado a tão agradável tema.Estou ansiosa pelos próximos...

Agradeço-te também pelo comentario a minha escrito e fico muito contente por saber que alguém gosta do que escrevo... Não o faço muitas vezes, mas quando faço é mesmo sentido...

Beijokas e boa semana.

Anónimo disse...

Cá venho eu lançar a confusão...Como se não bastasse ser "gélida" (ihihi), também sou embirrante. :)
Em primeiro lugar, quero dizer que detestei (sorry, meu bombom!) o poema que transcreveste. Nem sei bem explicar...ok, é palavras a mais e sexo a menos, deu para perceber?
Segundo, vou embirrar com a "Rita Lee" também (nada de pessoal, Liliane :), é mesmo só com o poema/canção):
"Amor é um/Sexo é dois"??? Hã?
"Amor é novela/Sexo é cinema"? (pronto, é oficial, sou uma ninfomaníaca) "Amor é prosa/Sexo é poesia" (epá, esperem lá, afinal sou uma grande romântica e, quiçá, frígida, pois não simpatizo muito com poesia)...
Quanto a responder directamente à tua pergunta, qual era mesmo a tua pergunta? ;)
Uma boa noite (ou dia) de sexo a todos,
Sandra S.

Sylvie disse...

Sou sincera, também não sou grande apreciadora de poesia, mas transcrever um conto erótico, que é muito mais do meu agrado, ocupava demasiado espaço...
Ainda assim, continuo a achar a minha pergunta pertinente...por isso, quem ainda gostar menos de poesia do que eu...que salte logo para o fim do post e diga de sua justiça ;-)

Anónimo disse...

Pois a mim parece-me tudo muito bem desde que cada um esteja satisfeito com o que tem. Pessoalmente, concebo perfeitamente o sexo sem amor, já o contrário não questiono, só que isso não é decididamente para mim. Sexo sem amor é bom mas não há dúvida que quando podemos aliar um condimento ao outro, torna-se algo de fenomenal, é outro patamar, outra comunhão, uma festa dos sentidos, um banquete de prazer, uma simbiose perfeita. De facto, sexo é bom, mas aquela lágrima que a força da emoção não consegue conter e as mãos entrelaçadas até ao amanhecer é o amor que celebram e não o sexo pelo sexo. Além disso, para quê ter apenas uma das vertentes quando se pode ter as duas;). Em relação à poesia, não se esqueçam, que é como em tudo, há da boa e há da má, tipo sexo, tão ver?.... Como não amar uma das formas de expressão que melhor celebra tanto o sexo como o amor? Eu adoro. Por isso, cá vai...
Ass. Cassandra

Defesa do Sublime

Quero este poema no lugar do sublime,
com uma cadeira de névoa ao colo da estátua
e os seios de erva tingidos de púrpura. Puxo
a túnica até à abertura do ventre; e roubo
ao interior de pedra um desenho etéreo,
como se o paraíso estivesse no centro
do umbigo, inscrito na massa obscura
do amor. Moldo-a com as mãos da alma,
esculpindo um corpo. Por vezes, apercebo-me
da sua respiração, de um palpitar de artérias
no interior do mármore. Ouço um desejo
fremente, o choro de êxtase que antecipa
o esgotamento, o sussurro que permanece
no ouvido quando o sol se esvai num
horizonte de cortinas, e os vidros reflectem
os amantes. E dou-lhes o lugar que o sublime
habita, com o seu rosto trabalhado pelo
cinzel do sentimento, raspando a cal do sonho
até deixar entrar a água da vida: a doce
agitação de um abraço, o perfil entrevisto
numa humidade de travesseiros, lábios
subindo a breve colina das pálpebras. Canto,
então, este canto que se prolonga no corredor
do poema, atirando para o lado os obstáculos
da indecisão, abrindo labirintos e becos, até
às portas de argila da memória. Abro-as com
a chave dos murmúrios que me emprestaste,
rodando-a com os dedos do silêncio; e
encontro a tua voz, com o seu fogo de sílabas,
e um ritmo de luz em cada palavra. Trata-se
de um lugar sublime, esse em que a mulher
límpida se senta, limpando a névoa desta
casa com a sua esponja de linguagem, numa
sofreguidão de segredo que o verso ecoa.

Nuno Júdice

myguiltyself disse...

Dizem os entendidos:
"com amor é que é bonito".
Mas toda a gente sabe:
"bonito, bonito...

Que dilema, hein!?