segunda-feira, 18 de maio de 2009

No silêncio do quarto...


Chego de mansinho, pisando o soalho com passos delicados, nas minhas pantufas de lã. Habituo os meus olhos à penumbra do quarto e percebo que estás a dormir. O teu rosto transmite serenidade e eu apaixono-me de novo, como se fosse a primeira vez, por todos esses traços que estão agora em repouso e que ganham vida quando os usas para me falar, sorrir e beijar. Não sabes, mas és agora a presa do meu olhar. Faço-te meu em tudo o que te dou no silêncio do quarto, e tu não vês.
Encosto o ouvido, com cuidado para não te acordar, e moldo a minha respiração à tua, num gentil inspirar que torno ainda mais carinhoso ao expirar. Mexes-te no teu sono, talvez me sintas nos teus sonhos, e eu não resisto, passo os dedos no teu cabelo, numa carícia quase imperceptível que quero doce e suave como o amor que às vezes sinto por ti. Sou tua e tu não vês.
Serenas novamente e eu intensifico o meu olhar. O lençol adoptou a tua forma, deixando adivinhar o corpo que tantas vezes explorei e amei. São milímetros e milímetros de pele com sinais e cicatrizes de uma vida na qual fundi a minha própria vida. Queria levantar agora o lençol para beijar esse corpo que adivinho nu por baixo do tecido. Levanto a mão para te tocar, mas retraio-me, e em vez disso, aperto os dedos com força no colchão, segurando uma carícia que quero forte e apaixonada como o amor que às vezes sinto por ti. Sou tua e tu não vês.
Contorno a cama e deito-me com cuidado ao teu lado, contrariando a vontade que tenho de te acordar.
Deves sentir a minha presença, pois chegas-te para junto de mim no mesmo movimento sincrónico que me leva até ti. Moldas-te para eu aninhar o meu corpo no teu corpo e eu fecho os olhos, saboreando o refúgio desse casulo que fizeste para mim. Adormeço com um sorriso, sabendo que o meu dia terminará em ti e o amanhã começará também em ti. E eu, continuarei a ser tua, ora doce e suave como uma brisa, ora forte e apaixonada como uma chama.

É este o amor que tenho guardado para ti.

9 comentários:

YellowMcGregor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
YellowMcGregor disse...

:-) Em... "conchinha"! Nada mais doce, nada mais carinhoso, nada mais apaixonado :-)

Uma espiral de SorriSoS para ti. Os teus textos continuam em Maré Alta: parabéns :-)

Anónimo disse...

E que belo amor

Anónimo disse...

Parabéns! CHUACK! ;-)
Para mim, não é "no silêncio do quarto", mas sim "no silêncio do SENTIR", como eu costumo dizer :-))

Quando vem o próximo FICSY?

Um abraço apertado no silêncio do sentir! :-)
Sandra H.

Anónimo disse...

I-N-O-L-V-I-D-Á-V-E-L

mas não é este... eheheheee!

beijos e beijos e beijos
do teu diabinho "preferido"

...em concha...sem concha...em garfo...sem faca...colher de sobremesa...

S.

Anónimo disse...

Gostei.

Sónia

Anónimo disse...

Bonito texto. Muito suave mesmo com pantufas de lã.

Se noutros textos mostraste "forte e apaixonada como uma chama", neste foi mais "doce e suave como uma brisa".

Eu que sou mais do tipo doce e forte como uma chama gosto das duas vertentes, e ainda de outras... inolvidáveis

Pedro Farinha

Anónimo disse...

Que inspiração.....muito bonito.

Venha outro...

Jinhos Lita

Sofisga disse...

Chegou de mansinho mas acabou por bater forte, fortemente...